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mil e quinze

Livros, séries, filmes e muito mais ♥

09
Mar23

Livros | O Sanatório, Sarah Pearse

Vera

Se eu não sabia nada sobre este livro e o título foi praticamente a única coisa que me cativou desde o início? Talvez. Se acabei a gostar mais do que esperava? Também.

 

Livro O Sanatório de Sarah Pearse

 

O hotel Le Sommet está situado nos Alpes suíços, num lugar bastante isolado e remoto, e é lá que a detetive Elin Warner se encontra, sem esperar e sem querer: o seu distante irmão Isaac vai casar-se e espera celebrar ali o seu noivado. Outrora um sanatório, o hotel Le Sommet foi construído nunca deixando de ter por base certos elementos da história do edifício. Assim, O Sanatório cria três ingredientes perfeitos para termos um verdadeiro mistério policial em mãos: a ambiência peculiar de um local isolado da civilização; os traumas de uma detetive em baixa médica, a lidar com as suas fragilidades; e o momento em que pessoas começam a desaparecer e a surgir, mais tarde, sem vida...

 

Policial é um género que não tenho por hábito ler, de todo. Li o And Then There Were None da Agatha Christie, e acho que a minha experiência com policiais se ficou por aí. Talvez por influência de ter visto, pouco antes, Wednesday (não um policial, mas um mistério) e Glass Onion, este foi o livro que me fez descobrir toda uma vontade de explorar este tipo de géneros mais a fundo...

 

Estava receosa por este livro ser um pouco mais longo do que costumo ler - e normalmente, quando isso acontece, a experiência não costuma correr-me muito bem... Pois bem, felizmente estava enganada! Gostei muito do livro, e mais ainda quando cheguei àquela fase de não conseguir mais largá-lo, à espera de saber tudo o que aconteceu.

 

«Sabe que as palavras de nada servirão e, pior ainda, que isto é apenas o princípio. A dor... é como uma série de bombas a explodir, uma após outra. A cada hora, uma detonação. Choque após choque após choque.»

 

Como pessoa que abomina escrita demasiado descritiva, quão lufada de ar fresco é encontrar um livro que é descritivo na medida certa! Sobretudo num livro onde a descrição é, de facto, importante: tanto para transmitir a ambiência do hotel, como para transmitir as sensações que Elin Warner vive. E por falar nisso, achei verossímil q.b. a experiência de stress pós-traumático desta personagem - sobretudo os flashbacks intrusivos, apesar de, ainda assim, não ter sentido tanto como acho que deveria nestes excertos.

 

O enredo está bem construído o suficiente para nos deixar a tentar decifrar o que está a acontecer em toda a extensão do livro. Penso que fica um pouco aquém nas personagens, no sentido de que, honestamente, é difícil identificarmo-nos, empatizarmos ou conectarmo-nos com qualquer uma delas, ou pelo menos foi isso que senti. Mas não acho que isso faça com que o livro seja necessariamente mau. Contudo, senti que por vezes se tornava irritante em certas partes (pessoalmente, atirava figurativamente o Will de uma varanda abaixo, homem chato e sem sensibilidade nenhuma!).

 

O desfecho também foi um pouco tonto: a autora atirou um pouco com uns elementos feministas para o desenlace do mistério que, sem quaisquer pistas antecedentes, pareceram sem grande sentido e propósito. Um "estar lá só porque sim". Mas conseguiu, ainda assim, ser minimamente interessante.

 

Apesar disto, foi uma leitura que me deu imenso prazer e pretendo ler o segundo livro desta série: O Retiro, sendo que este livro termina com o que imagino ser uma espécie de cliffhanger para o segundo. Recomendo que leiam, não será decerto a melhor leitura das vossas vidas, mas garante proporcionar-vos uns bons momentos (excepto no que toca a personagens irritantes).

 

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Quem aqui já leu? O que acham?

02
Mar23

Filmes | Glass Onion: A Knives Out Mystery

Vera

Talvez seja por ultimamente estar a consumir mais obras de mistério e/ou policiais - com Wednesday e com o livro que estava a ler anteriormente, do qual sairá review em breve -, mas Glass Onion foi uma das experiências cinematográficas que mais tive prazer em ver. Tão pouco tempo depois de ver o primeiro filme Knives Out, foi uma delícia ver um segundo filme que considero ser ainda melhor.

 

posters do filme glass onion: a knives out mystery

 

Glass Onion leva-nos à propriedade privada de Miles Bron numa ilha grega, que todos os anos convida um grupo de amigos (excêntricos e ricos, claro) para uma festa. Desta vez, o tema é decifrar o mistério da morte do próprio anfitrião, mas os mistérios começam com o simples facto de o detective Benoit Blanc ter sido também convidado. E claro, não acabam por aqui: todas as personagens têm algo a esconder e, quando alguém aparece morto, todos são suspeitos.

 

Com um enredo bastante mais intrincado que o do primeiro filme, tenho a sensação que Glass Onion tenta levar-se um pouco mais a sério que o seu antecessor, mas nunca descurando o objectivo de nos proporcionar uma experiência cinematográfica e de mistério preenchida de divertimento.

 

A fórmula é a mesma do primeiro filme, e no entanto consegue elevar a fasquia e trazer-nos algo ainda mais rico em detalhes. Talvez por, ao contrário do primeiro Knives Out, não se centrar numa família, mas sim num grupo de pessoas tão distintas entre si e sem conexões substanciais além do único denominador comum que as liga: a sua associação a Miles Bron. Só por aqui já têm motivações diferentes do que apenas a de ganhar/manter a fortuna a que têm direito (como aconteceu no primeiro). Para além disso, volta a ter o elemento de sátira a pessoas ricas (algo que ultimamente tem sido muito utilizado em filmes e séries).

 

Espero sinceramente que Knives Out se torne numa série de filmes - sem dúvida que está a talhar o caminho para fazer isso de forma bem-sucedida. É um entretenimento tão bom que não me lembro da última vez que me tenha divertido tanto a ver um filme. Existe uma forma tão "junta-te aqui à malta" de fazerem estes filmes no que toca ao envolver o espectador. Não vos consigo explicar, mas penso que dá para perceber que adorei.

 

E recomendo bastante!

 

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01
Mar23

Música do Mês | Fevereiro (2023)

Vera

Quem se esqueceu desta rubrica criada apenas no mês passado? Isso mesmo, eu mesma. Ainda vou a tempo, certo?

 

Pois bem, Fevereiro foi um mês marcado por uma grande mudança na minha vida que, até ver, tem sido um rumo confuso e incerto, com os seus pontos altos e baixos. Tem sido uma adaptação constante, onde todos os dias há pontos positivos mas também pontos negativos.

 

Não que a música que escolhi para Fevereiro me tenha feito pensar particularmente nisso, mas tem sido uma das que mais ouço e existe ali um excerto em particular que me remete para esta decisão que mudou tudo e para o processo de adaptação que tem sido. Sem mais demoras, esta foi a música de Fevereiro!

 

 

«(...)
Everything you lose is a step you take
(...)
You're on your own, kid
You always have been»

27
Fev23

Filmes | Ant-Man and the Wasp: Quantumania

Vera

poster do filme ant-man and the wasp: quantumania

 

A sinopse deste filme é relativamente simples: acidentalmente, Ant-Man e The Wasp acabam no reino quântico com as suas famílias e têm de encontrar uma forma de regressar a casa. A um nível menos superficial, no entanto, há mais que isso.

 

Este filme não tem tido boas críticas e, apesar de não ser dos melhores que vi, honestamente também não acho que tenha sido assim tão mau. Sim, talvez pareça um trailer de 2 horas para o quinto filme de Avengers, como tanta gente tem dito, mas também foi uma forma de aprofundar um pouco mais do grande vilão que aí vem depois de Thanos.

 

O filme deu-me umas vibes engraçadas de Star Wars (não sou a maior fã, só vejo The Mandalorian), embora talvez não com os melhores efeitos especiais de sempre (mas uma vez mais, não também com os piores). Acho que o filme sofre muito disto em todos os aspectos: não é o melhor... mas também não é o pior.

 

Acabou por ser um filme simplesmente bastante normal e mediano, mas está tudo bem com isso. Não tem de ser a obra prima do cinema. Agora, para um trailer de 2 horas para o novo vilão, se me deixou curiosa ou entusiasmada por ver mais de Kang? Devo dizer que talvez não... Acho que a série Loki me deixou bem mais curiosa na altura do que este filme.

 

Em suma... Gostei, mas não foi nada de extraordinário. Honestamente este é um daqueles filmes sobre os quais simplesmente não tenho muito a dizer.

 

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Quem aqui já viu? O que acharam?

24
Fev23

Filmes | X

Vera

Não sabia nada sobre este filme e, para dizer a verdade, não sinto que me tenha acrescentado muito mais.

 

 

X é um filme de terror slasher que acompanha um grupo de cineastas pornográficos que viajam até uma quinta no Texas para fazer um novo filme. Um casal de idosos é dono desta quinta e eles não fazem ideia do verdadeiro motivo pelo qual estas pessoas se alojaram ali. Acabamos por perceber que este casal de idosos é imensamente estranho e que há muito mais por trás dos seus comportamentos do que apenas o facto de não quererem que este grupo de pessoas faça um filme pornográfico ali.

 

Estou farta de dizer por aqui que terror é um dos meus géneros preferidos, mas sou sincera, slasher não cairia propriamente nos meus subgéneros preferidos. Apesar de já não me lembrar do filme em si, sei que adorei Texas Chainsaw Massacre, mas também é o único do qual estou certa. Todos os restantes não me consigo sequer lembrar se cheguei a ver ou não (como por exemplo Halloween... Não faço ideia).

 

Por este motivo e por outros, este filme não me fez grande diferença. A homenagem ao subgénero está clara, mas não posso dizer que seja fã. Acho que o filme deixou-me mais desconfortável que outra coisa, por dois motivos. Primeiro, porque tem um lado voyeur com o qual não me identifico de todo. Segundo, porque sinto que as características deste casal de idosos são demasiado estranhas até para mim. O filme toca um pouco no tema da sexualidade em idade avançada e eu acho isso bastante digno, mas francamente é levado a um nível tão obsessivo, perverso e creepy que é só desconfortável.

 

Para além disso, senti que o enredo foi um pouco parado por mais de metade do filme, esta mesma metade preenchida de cenas sexuais - só que não estamos a falar de um filme pornográfico, estamos a falar de um filme de terror, e esse só começou bem mais tarde e por bem menos tempo que o restante. Por fim, achei que o filme tentou passar mensagens bastante contraditórias: porque assenta numa crítica ao moralismo e pureza cristãs, ao mesmo tempo que coloca as personagens mais defensoras disto na posição menos equiparável a isto.

 

Na verdade, agora que escrevo sobre isto e que penso melhor no assunto, até faz algum sentido. Quantos cristãos não vemos pelo mundo fora tão defensores do religiosamente correcto ao mesmo tempo que têm atitudes desumanas? Não é assim tão descabido no mundo de hoje.

 

Vejam, eu percebo que talvez o facto de me ter feito sentir mais desconfortável que outra coisa seja uma prova de que o filme foi efectivamente bem-sucedido no que queria. Pelo menos no que toca ao casal de idosos, acho que o objectivo era parcialmente esse (digo parcialmente porque também acredito que a outra parte fosse tornar o tema mais natural, não fosse pelo elemento obsessivo associado). Mas sinceramente não é o meu tipo de filme.

 

Ainda assim, recomendo porque reconheço que é um filme suficientemente satisfatório, e mais ainda se forem fãs deste género. Este não está em nenhuma plataforma de streaming e, por causa do nome, até fica difícil encontrá-lo... mas boa sorte.

 

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Quem aqui já viu? O que acharam?

Edit: Esqueci-me de referir que saiu um segundo filme chamado Pearl que é uma prequela deste. Eventualmente também irei ver!

21
Fev23

Filmes | Midsommar

Vera

Depois desta experiência cinematográfica só consigo pensar no Hereditary e perguntar-me porque é que tento ver filmes do Ari Aster. Não vai acontecer mais, posso prometer.

 

poster do filme midsommar

 

Depois de um acontecimento trágico na sua vida, Dani viaja para a Suécia com o namorado Christian e os seus colegas estudantes de antropologia - mais concretamente, para uma "aldeia" num meio rural onde um desses colegas foi criado. Esta viagem acontece porque está na altura do festival do solstício de Verão - Midsommar - onde várias tradições acontecem.

 

Ora, este filme é muito bem falado e portanto eu ia com as expectativas em alta, sem saber na verdade que tinha a realização e guião em comum com o Hereditary (quem está confuso por eu estar sempre a mencionar este filme, leiam só a minha review e já percebem minimamente porquê).

 

E se foram ler a review ou se por algum milagre se lembram que aquilo que gostei menos no Hereditary foi o enredo, também já podem adivinhar o que é que talvez gostei menos aqui.

 

Vejamos, Midsommar é um filme extremamente bem feito em termos técnicos e muito bonito visualmente. Mesmo. A cinematografia, a direcção de arte, o trabalho de câmara, a edição, até a banda sonora - está tudo absolutamente incrível! Mas a narrativa falha tanto para mim que não consegui gostar do filme como um todo. E atenção que estamos a falar de um filme que me fez ter de meter pausa após 10 minutos e avaliar se eu realmente queria continuar a vê-lo, porque nesses míseros 10 minutos foi tão pesado que me afectou mesmo muito... Felizmente essa sensação não se prolongou pelo resto do filme; infelizmente o filme no geral também acabou por não me agradar a 100%.

 

Não percebo qual é a obsessão que o Ari Aster tem em meter bizarrias nos filmes sem qualquer propósito ou sentido por trás, porque já com o Hereditary senti exactamente a mesma coisa. Existe violência gratuita e coisas desse género, e depois para este senhor existe bizarria gratuita. Ouçam, não me interpretem mal: eu adoro filmes bizarros, para coisas normais já bastam as nossas vidas mundanas. Mas para mim essas bizarrias têm de ser coerentes, ter algum sentido por trás. Que foi coisa que não senti com Midsommar (e com Hereditary, na verdade). O que eu sinto que este autor faz com os filmes é que atira coisas estranhas "para cima da mesa" só por serem estranhas e para parecer bué fixe que este filme está cheio de coisas estranhas. Mas depois não tem nada por onde se lhe pegue. Nada.

 

Parabéns à protagonista por ter deixado pessoas e uma relação que não prestam, sim, só para não acharem que eu não percebi a mensagem do filme. Eu percebi. Mas não invalida o resto. Na verdade, a certa altura do filme eu já estava só aborrecida e à espera que chegasse a hora de terminar.

 

Eu nem sabia que Ari Aster tinha sido o realizador e escritor tanto deste filme, como do Hereditary. Depois de ter percebido o denominador comum foi o momento em que decidi cortar caminho com este senhor. Peço desculpa, mas comigo não dá.

 

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Alguém que tenha gostado mais disto que eu? Peço desculpa se a minha review transparece um pouco de revolta, mas eu não posso mais com estas narrativas.

Edit: Esta publicação foi escrita há umas semanas mesmo depois de ver o filme. Ia alterá-la para não parecer tão revoltante mas não consigo - só de voltar a ler o que escrevi lembro-me do que senti com o filme. Se havia retrato mais autêntico que podia fazer dele (para mim), é mesmo este!

18
Fev23

Séries | Wednesday

Vera

Uma série que andou pelas bocas do mundo e que me surpreendeu bastante.

 

Poster do filme Wednesday

 

Wednesday centra-se na filha da famosa família Addams - depois de um incidente na escola que frequentava, os pais colocam-na numa nova escola: a Nevermore Academy. É a escola onde os próprios pais estudaram quando novos e a última esperança deles para os comportamentos erráticos da filha. Acontece que Wednesday parece estar ligada a uma profecia relacionada com a escola, e quando começam a ocorrer alguns acontecimentos trágicos, ela está determinada a descobrir tudo o que está a acontecer e quem está por trás disso.

 

Não tinha grandes expectativas para esta série, esperava uma série bastante "normal" cujo hype se justificava apenas pela fama que precede a família Addams. Nunca estive tão feliz de estar enganada: acabei a gostar da série muito mais do que estava à espera.

 

Claro que, tratando-se de uma adolescente e de um ambiente escolar, a série acaba por ter um elemento mais juvenil, mas ainda assim é bastante interessante e conseguiu manter-me agarrada ao ecrã a temporada inteira.

 

A série conta com algumas personagens peculiares que são interpretadas pelos actores certos: não é apenas a Wednesday de Jenna Ortega que nos conquista, mas também a Enid de Emma Myers, a diretora Weems de Gwendoline Christie (esta mulher está a começar a conquistar o meu coração só por existir, depois de Brienne of Tarth em Game of Thrones e Lucifer em The Sandman) ou até mesmo Catherine Zeta-Jones no papel de Morticia Addams.

 

O enredo também está suficientemente bem construído para me deixar envolvida em todo o mistério do que está ou não a acontecer naquela escola e região, e foi uma das principais razões pelas quais gostei tanto da série. Sinceramente, não sabia nada sobre a história e portanto não esperava uma série de mistério. Mas acabei a gostar imenso do que vi.

 

Resta esperar pela segunda temporada. Recomendo bastante a série, entretém muito bem e consegue conquistar-nos com alguns elementos de destaque. Pode ser vista na Netflix.

 

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Quem aqui já viu? Adoraram tanto como eu?

05
Fev23

Filmes | Everything Everywhere All at Once

Vera

Um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.

 

poster do filme everything everywhere all at once

 

Neste filme, somos introduzidos a Evelyn Wang, uma imigrante chinesa sobrecarregada de problemas pessoais: é dona de uma lavandaria à beira do fracasso, encontra-se num casamento a desmoronar com um homem que percepciona como cobarde, e tenta navegar o seu relacionamento difícil com a filha e com um pai autoritário. Para além disso, Evelyn precisa de enfrentar uma figura governamental quando parece existir um problema com os impostos no que diz respeito à sua lavandaria. Mas o universo vai muito mais além dos problemas aparentemente mundanos de Evelyn Wang...

 

Poderia revelar-vos muito mais, mas eu acho que quanto menos se souber sobre este filme, melhor. Pelo menos eu não sabia do que realmente se tratava e fui apanhada de surpresa com o que o filme me foi dando.

 

O que é que vos posso dizer sobre este filme? Primeiro: o título faz-lhe inteiramente justiça. E começa logo no início a fazê-lo, quando somos confrontados com um cenário e uma cena tão caóticos e cheios de confusão que é impossível não nos sentirmos desconfortáveis. A sensação de estarmos à beira do abismo acompanha-nos durante a quase totalidade do filme.

 

Existiram momentos do filme que estranhei tanto, não sabia o que raio estava a acontecer, para onde é que o filme estava a tentar ir, e porque é que tinha elementos que pareciam não fazer sentido nenhum. Mas assim que tudo começou a ter um rumo, um propósito, a mostrar-nos para onde pretendia ir, não consegui largar mais o ecrã. E volto a dizer: este foi um dos melhores filmes que vi nos últimos tempos.

 

É difícil dizer-vos o que achei, porque o filme é todo ele, por si só, um novelo de tudo em todo o lado ao mesmo tempo. Tem tantas, tantas, tantas camadas diferentes. Podia facilmente tornar-se um filme incrivelmente confuso, um autêntico novelo de lã emaranhado, mas a verdade é que resultou incrivelmente bem. Sinto que passou tantas mensagens diferentes e fê-lo com uma clareza maravilhosa para um filme que pretendia transmitir tanta coisa ao mesmo tempo. Percebem? É que o título faz-lhe justiça em absolutamente tudo. Até nisto.

 

Se são como eu e não gostam de saber minimamente nada sobre as obras, passem este parágrafo à frente. Mas para vos dar uma ideia das mil e uma camadas que este filme tem, posso dizer-vos que trata de ansiedade, de depressão, de suicídio, de universos e vidas paralelas, de existencialismo, de superação, auto-identidade, optimismo... Tudo e mais alguma coisa.

 

Consegui aperceber-me de todos estes temas num filme de 2 horas e 20 minutos. Honestamente, vão para este filme sem medos. No mínimo, vai entreter-vos bastante, mesmo que possa não ser a vossa praia. No máximo, vão acabar a adorar e a achar que foi um dos melhores filmes que viram nos últimos tempos.

 

Merece todas as nomeações e mais algumas. E é daqueles que não me importava de apagar da memória só para voltar a ter a experiência de o ver pela primeira vez.

 

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Quem aqui já viu? O que acharam deste filme?

03
Fev23

Livros | We Were Liars, E. Lockhart

Vera

O primeiro livro de 2023. Estava muito expectante, mas acabou por ser uma experiência ambígua.

 

Livro we were liars de e. Lockhart

 

Cadence Sinclair é a neta mais velha da sua família: os Sinclair vivem rodeados de fortuna, de tal modo que passam todos os Verões numa ilha privada detida pelo avô de Cadence, detentor de toda a fortuna (e poder), onde cada núcleo familiar tem direito à sua própria casa. Os únicos membros exteriores à família nesta ilha são os empregados e Gat, o sobrinho do namorado de uma das tias de Cadence, que os acompanha todos os Verões. No Verão dos seus 15 anos, Cadence sofre um acidente que a deixa com amnésia. Após uma pausa no ano seguinte, Cadence regressa à ilha nos seus 17 anos, determinada a perceber e a recordar-se de tudo o que realmente aconteceu.

 

«They know that tragedy is not glamorous. They know it doesn't play out in life as it does on a stage or between the pages of a book. It is neither a punishment meted out nor a lesson conferred. Its horrors are not attributable to one single person. Tragedy is ugly and tangled, stupid and confusing.»

 

De um modo geral, eu gostei muito deste livro. Ao longo da história vamos percebendo alguns acontecimentos estranhos e vamos ficando curiosos com o que realmente ocorreu, especialmente porque ninguém parece querer partilhar a verdade com Cadence.

 

Ainda assim, alguns aspectos do livro deixaram-me um pouco de pé atrás. A maioria relacionados com a escrita: se ao início achava alguma piada e encanto na forma de escrever da autora, com um formato numa espécie de "prosa poética", a verdade é que ao fim de algum tempo começou a ficar cansativo e deixei de perceber o sentido ou propósito de o fazer. Podem ver um exemplo do tipo de escrita na primeira página do livro:

first page of the book we were liars

Também comecei a ficar um pouco cansada da forma como percebi que a autora se agarrou a alguns "chavões" que por vezes repetia vezes e vezes sem conta ao longo do livro para passar uma determinada mensagem. Começou a parecer-me, de facto, repetitivo.

 

Por último, acho que o problema aqui foi que eu tinha bastantes expectativas para este livro, parecia-me ser uma história tão interessante e, apesar de não ter desgostado da história, a verdade é que acabou por não corresponder às minhas expectativas e, talvez por isso, tenha acabado por ficar um pouco desapontada, apesar de tudo.

 

Posto isto, posso dizer no entanto que o plot twist no final surpreendeu-me bastante. De todas as teorias que tive, nenhuma passava pelo que acabou por realmente acontecer e conseguiu deixar-me de boca aberta no momento em que se descobriu a verdade.

 

Assim sendo, recomendo este livro porque é realmente uma boa história, apesar de na minha opinião não ser contada e escrita da melhor forma. Mas dá para ignorar esses aspectos e ainda assim proporcionar-nos uma boa leitura de entretenimento.

 

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Quem aqui já leu? Alguém que tenha gostado mais que eu?

31
Jan23

Música do Mês | Janeiro (2023)

Vera

No meu blog anterior (alguém ainda se lembra do Above 25?), houve uma altura onde comecei a partilhar "músicas da semana", aquelas que tinha ouvido mais ou me tinham dito mais naquela semana. A verdade é que eu quase não ouço música e, quanto mais tempo passa, menos ouço. Ainda assim, nos últimos tempos tenho tentado voltar a criar esse hábito, sobretudo quando estou a trabalhar. E por isso, senti falta de uma "rubrica" do género.

 

Posto isto, sejam bem-vindos ao primeiro (de muitos, espero) post da Música do Mês. Invariavelmente vou sempre partilhar algo que esteja ligado aos acontecimentos mais recentes da minha vida, pelo menos é isso que espero que aconteça. Se houver um mês onde partilho uma música apenas porque não parei de a ouvir em repeat, então é sinal de que tudo está a correr bem nos âmbitos pessoais.

 

Ora, para Janeiro temos Time in a Tree, de Raleigh Ritchie: gosto sempre de revelar que este senhor é o Greyworm de Game of Thrones, porque a maioria das pessoas não sabe que ele também canta!

 

Estou a passar por umas mudanças na minha vida que não estão a ser fáceis e tive de tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida este mês. Se são das mais difíceis podem adivinhar que também acarreta as suas coisas más. E como ainda não perdi a minha essência negativista e derrotista, quando as coisas ficam difíceis a única coisa que me apetece é desaparecer, ir viver para uma cabana no meio das montanhas, fechar-me num casulo, deixar de lidar com a realidade, com o mundo lá fora. É aqui que entra Time in a Tree, este mês.

 

 

«(...)
I've seen things that I never should have seen
Said too many things I didn't mean
Hurt myself too many times to count
I need to let it out, and just release
Been lying to myself too long
Been trying by myself too long
I can't relax, I'm too distracted
I can't hack it, hmm
 
(...)
I just want time in a tree
I need a place just for me
Somewhere that I can be free
Keep the faith and just be
What you'll be»

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30 ∷ Do interior, mas com alma de lisboeta ∷ Digital Marketeer ∷ Overthinker a tempo inteiro ∷ Sempre a saltar de livros para séries e jogos nas horas vagas

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