FILMES: Misery - O Capítulo Final
Depois de ler o livro, tinha de ver a adaptação para cinema. É sempre uma coisa que gosto de fazer, e algo que ganhou particular significado depois de ter lido o quinto livro da saga Harry Potter - e se já leram o livro e viram o filme, sabem perfeitamente do que estou a falar. Claro que, por um lado, fazer isto nunca é muito justo para com os filmes e quem os realizou - são uma obra isolada, completamente à parte, mas acabam sempre a ser comparados com aquilo que se consumiu primeiro: o livro.
Nesse sentido, esta minha review vai ser muito à base dessa comparação. Sinto que, se não tivesse lido o livro, teria achado o filme melhor do que achei. Não sendo de todo um mau filme, sinto que ficou muito aquém em vários aspectos.
O famoso escritor Paul Sheldon (James Caan) sofre um acidente de carro e é socorrido pela enfermeira Annie (Kathy Bates), que afirma ser sua fã número um. Ela o leva para sua isolada casa e cuida de sua saúde, mas um dia acaba tendo acesso aos originais do próximo livro do escritor e descobre que sua personagem predileta será morta. Essa revelação faz com que sua personalidade doentia se revele e Sheldon se vê à mercê das loucuras da admiradora. Fonte: AdoroCinema
Ora então, por onde começar? Podemos começar pela parte que considerei mais importante no livro e consideraria aqui: a representação da doença mental. Se no livro temos uma Annie Wilkes muito bem construída em termos de representação das suas perturbações mentais, sinto que no filme acontece exactamente o contrário. Assim, o que se vê é uma Annie louca "só porque sim", sendo que, como estudante de Psicologia, nada me tira mais do sério do que isso.
O filme tem menos cenas chocantes e, por isso, acaba a não ter tanto impacto. Fez diversas alterações à história e, para mim, não haveria problema nenhum com isso. Acontece que, quando temos duas personagens num livro a defender a verossimilhança e a não-utilização de Deus Ex Machina numa história, fica difícil não levar como um atentado à obra quando um dos sub-enredos no filme utiliza precisamente essa técnica e o torna menos plausível. Se calhar não teria mal nenhum se eu não tivesse lido o livro primeiro, mas achei este aspecto incrivelmente irónico.
Estas foram as duas coisas que mais me incomodaram no filme, no entanto não achei a obra em si má. A Kathy Bates esteve maravilhosa como Annie Wilkes (algo que eu já esperava, conheço-a sobretudo das temporadas de American Horror Story e nunca me desiludiu); o enredo, apesar de diferente e com os seus defeitos, foi relativamente bem construído e faz algum sentido. Consegue trazer algum ritmo e sentido a uma história que é bastante difícil de passar para a câmara, sobretudo por ser tão extensa, mas sinto que, efectivamente, ficou aquém em alguns aspectos.
Não considero uma má obra e acho que consegue ser bom, tanto em termos técnicos, como para entreter, pelo que recomendo que o vejam. Mas, se puderem, o melhor é mesmo ler o livro antes, que como já seria de se esperar, é melhor que o filme.
Já viram? O que acharam?