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mil e quinze

Livros, séries, filmes e muito mais ♥

15
Mai22

JOGOS: Amnesia: The Dark Descent

O terror na sua forma mais básica

Vera

Sinto que preciso de fazer um pequeno disclaimer, ou desabafar um pouco sobre algo (que acho que só eu vejo como problema, mas pronto!). Sinto sempre que as minhas publicações sobre jogos (e também as de obras de Marvel) são das menos vistas, que ninguém liga muito a isso e não quer saber... Não deixei de escrever as da Marvel, mas as minhas reviews de jogos passaram um pouco para segundo plano, e neste momento pretendo voltar a escrever sobre eles. Tenho conseguido criar alguma identidade para mim própria no que respeita a jogos, tenho conseguido descobrir cada vez melhor aquilo que gosto mais, que gosto menos, em que sou melhor ou pior. A verdade é que o meu gosto por jogos faz parte de mim, e no fim do dia também me dá gosto poder partilhar jogos que gostei de jogar e cuja experiência valha a pena - até porque a experiência de jogar um jogo é completamente diferente da de ver um filme ou uma série, por norma é muito mais imersivo. Eu sinto que só me comecei a descobrir neste mundo quando comecei a explorar opções novas e a conhecer melhor o que é que havia por aí. Pode ser que estas publicações também ajudem alguém com isso. Inconscientemente, tornou-se um objectivo meu começar a tentar escrever reviews mais elaboradas e sólidas sobre os media que consumo, pelo menos sempre que possível. E sinto que no que toca a jogos, são dos que há sempre mais a dizer. Portanto é isto... Eu gosto de jogos, então vou escrever sobre jogos. Mesmo que sejam das publicações que mais trabalho me dão. Porque é que me dei ao trabalho de explicar isto tudo? Não sei bem... Mas vamos lá passar à publicação propriamente dita. Fiquem por aí!

 

Apesar de gostar muito de filmes de terror, jogos de terror já são outra história e eu sempre disse que nunca ia jogar nenhum. Isto porque jogos são muito mais imersivos que um filme e a experiência é completamente diferente.

 

Já não sei como adquiri os primeiros dois jogos da trilogia Amnesia - provavelmente numa oferta onde os consegui grátis, já que não ia gastar dinheiro com jogos que provavelmente nunca ia jogar. Conheci os títulos de Amnesia graças ao YouTuber PewDiePie, "back in the day" - ele ficou conhecido com este jogo, e arrisco-me a dizer que o jogo também ficou conhecido com ele. Na altura gostava muito de o seguir e gostei muito de o ver jogar o primeiro jogo desta trilogia - The Dark Descent. Lá está, ver os outros jogar não tem problema, mas jogar eu mesma? Nunca! Isto foi lá para 2011 - onze anos passados, a Vera decide arranjar coragem e jogar Amnesia: The Dark Descent. E é dessa experiência que vos venho falar.

 

 

Se formos falar da complexidade do terror deste jogo, sou a primeira a dizer: é do terror mais básico que há. Não há um terror com grande construção, não é psicológico, não é complexo. É pura e simplesmente um jogo baseado em jumpscares. E sim, é das execuções que mais detesto em filmes - e se um jogo poderia ser melhor que isso? Podia, mas eu acho que é o elemento básico de Amnesia que o faz brilhar em todo o seu esplendor. O jogo pode ser só baseado em jumpscares, mas a construção que existe para os gerar está muito bem conseguida.

 

E digo isto porquê? Porque o jogo brinca com o medo da forma mais simples, mas também da forma mais genuína que há - fazendo para isso uso de elementos tão básicos como o som e o escuro. No início do jogo há uma pequena dica que nos remete para o jogarmos num ambiente escuro e com fones, para que o possamos experienciar da forma mais imersiva possível. Eu não fiz isto - joguei sempre com a luz acesa e sem fones, e mesmo assim passei o tempo todo assustada.

 

Ora então: Amnesia - The Dark Descent é um jogo em primeira pessoa e começa com Daniel, a personagem principal, a acordar num castelo sombrio no meio do nada sem se recordar de absolutamente nada e sem saber como foi ali parar. Ao longo do jogo vamos encontrando pistas para a história em forma de diários e pequenas notas/recordações de como Daniel foi ali parar e o que está ali a fazer.

 

 

A dinâmica do jogo obriga-nos a passar a maior parte do tempo em locais tão escuros, onde não se vê absolutamente nada, com recurso apenas a um número limitado de caixas de fósforos que acendem velas e tochas que possam existir pelo caminho - mas que não ajudam assim tanto -, bem como a uma lanterna a óleo que se gasta rápido demais para a quantidade de escuridão que encontramos. Isto por si só já é excelente para transmitir uma grande sensação de impotência - e obriga-nos a equilibrar bem o uso da lanterna e a gerir quando precisamos realmente dela ou não, fazendo com que passemos grande parte do tempo apenas no escuro. Acrescento apenas que, apesar disto, conseguimos ver minimamente bem o espaço no escuro - não tanto ao longe, mas conforme nos vamos aproximando vamos vendo o espaço em que nos encontramos de forma um pouco mais clara do que quando estávamos a uns passos de lá chegar. Mas esta visibilidade depende muito de outra dinâmica do jogo: a vida e a sanidade da personagem.

 

A vida perde-se quando existe algum tipo de ferimento; já a sanidade perde-se quando a personagem principal assiste a algum tipo de acontecimento sobrenatural - sejam portas a abrir sozinhas, locais em derrocada ou o derradeiro encontro com um monstro. Sim, porque como não poderia faltar a um jogo de terror, o castelo está repleto de monstros estranhos (brutes) que parecem apenas ter fome de carne humana. Confesso que acho os brutes personagens um pouco caricaturizadas quando olho para eles de forma isolada; não os consigo levar a sério. Mas dentro do jogo e tudo o que ele implica, acho que funciona muito bem. The Dark Descent é um survival horror e o objectivo não passa por matarmos os brutes, mas sim por fugirmos deles e escondermo-nos até que desapareçam (pelo menos, no momento).

 

Outro aspecto a apontar sobre o terror neste jogo é que nos dá uma sensação muito bem conseguida de paranóia e perseguição. Eu levei HORAS a encontrar um monstro pelo castelo, o que não quer dizer que não tenha passado essas horas inteiras com medo de finalmente encontrar um. A verdade é que não sabemos o que vamos encontrar ao virar da esquina - alguns encounters com os brutes são fixos no jogo, mas outros são totalmente aleatórios; ou seja, se um brute vos matar num ponto do jogo, ao voltarem à vida naquele ponto já não o apanham outra vez. O que não quer dizer que não o possam apanhar na porta a seguir, ou então não, porque lá está - é aleatório. E acho que o jogo também brinca muito bem com o nosso medo em si; ao fazer-nos passar aquilo que parece demasiado tempo sem encontrar nenhum brute, torna-nos cada vez mais suspeitosos de ainda não termos sido apanhados, e consequentemente com cada vez mais receio de quando iremos ser. Para além disso, há certas sequências do jogo onde somos seguidos por algo... E essas são excelentes a gerar intensidade no jogo e a dar aquela sensação agoniante de "só quero sair daqui".

 

Este jogo funciona à base de puzzles que temos de desvendar para acedermos a novos espaços e/ou a nova informação sobre a história principal. Não nos dá nenhum mapa do local - faz parte do jogo a sensação de andarmos perdidos, às voltas, num local que parece um enorme, gigante labirinto. Mas esta mecânica também tem os seus pontos negativos. É que pode acontecer de por vezes não sabermos o que é para fazer a seguir e andarmos às voltas no mesmo local vezes sem conta sem conseguir avançar. Isto torna-se cansativo e começa a retirar um pouco a experiência de terror que o jogo tem, porque em certo ponto começa a "aborrecer" o jogador. E acho que isso é algo que não deve nunca acontecer num jogo de terror.

 

Choir: dos sítios mais escuros e labirínticos que encontrei. Esta imagem está retocada, não consigo encontrar imagens originais (provavelmente por não se ver mesmo nada de nada!). Daqui.

 

Também achei a história um pouco confusa neste formato de diários e flashbacks, achei que tinha sido talvez mais por distracção minha do que por culpa do jogo, mas quando fui pesquisar mais sobre a história para compreender o que tinha acabado de jogar, percebi que muitas pessoas também a tinham achado um pouco confusa. No entanto, acho que a história em si é um pouco assustadora e revela-nos elementos um pouco chocantes, de tão desumanos. Acrescento também que o jogo tem finais diferentes.

 

Apesar de tudo isto, foi uma experiência que gostei bastante e acho que este jogo vale muito a pena. É um terror básico? Sim, é, mas também é em alguns desses elementos básicos que reside precisamente a sua força. Os jogos Amnesia são dos mais conhecidos dentro deste género e este é considerado um dos melhores jogos de terror. Para além disso, não é um jogo muito longo, pelo que se consegue terminar nuns dias. Quanto a mim, valeu a pena a experiência e vou querer terminar a trilogia - eventualmente, quando voltar a sentir coragem para tal...

 

4.JPG

 

Que me dizem deste jogo? Há coragem por esses lados para o jogar? Não posso dizer para irem sem medo, que é um pouco difícil... Mas avancem com medo e com a força toda!

 

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