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mil e quinze

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22
Jan22

LIVROS: A Quinta dos Animais, George Orwell

Vera

Resolvi comigo mesma que em 2022 iria tentar afincadamente recuperar o hábito de leitura que tão desastrosamente perdi no ano que passou. Até ver, começou bem.

 

Como apaixonada que sou pelo 1984 - como todos vocês já devem saber -, há anos que queria ler mais livros de George Orwell, e claro, sendo este um dos mais conhecidos do autor, A Quinta dos Animais era um deles.

 

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Quando o senhor Jones se esquece de alimentar os animais da sua quinta, uma - justa - revolução é posta em marcha. Liderados pelos porcos Snowball e Napoleão, os animais expulsam o dono e assumem o controlo da quinta com o objetivo de acabar com as terríveis desigualdades e instalar um novo sistema de poder, mais justo, que beneficie quem mais trabalha.

 

Porém, com o passar do tempo, os ideais que inspiraram a rebelião vão ser esquecidos, pervertidos, e uma nova e inesperada forma de tirania acaba por se impor nas vidas daqueles animais. Inicialmente publicado em 1945, A Quinta dos Animais, uma das obras mais emblemáticas do século XX, é uma sátira brilhante e devastadora à corrupção do idealismo pelo poder. Fonte: Wook

 

Não podemos ignorar o background histórico por detrás deste livro, já que ele descreve uma ditadura comunista, fazendo alusão a Stalin (de quem pouco sei) e sobretudo a Trotsky (de quem ainda menos sei). A minha edição tem um prefácio maravilhoso escrito por Robert Colls que explica os elementos mais importantes para entender o contexto histórico e das personalidades d'A Quinta dos Animais. Eu decidi ler o prefácio no fim, porque senti que explicava até demais e queria ler tudo primeiro. Acabei por gostar bastante deste prefácio, que me contextualizou também muito da vida e das motivações pessoais de Orwell para escrever este livro. Devo dizer que me aguçou a vontade de saber mais sobre este homem; cada vez mais o acho um autor extremamente interessante. A minha admiração por Orwell só cresce. E então, para começar a falar sobre a história, deixo uma das frases mais marcantes do prefácio, que a resume muito bem:

 

«A Quinta dos Animais é, na sua essência, um texto sobre a diferença entre estar comprometido com uma ideia e ser enganado por quem a difunde.»

 

A Quinta do Feudo é uma quinta perfeitamente normal, gerida por Jones, um agricultor que trata dos seus animais. É após o discurso de uma personagem alusiva a Karl Marx que os animais decidem que estão fartos de estar subjugados aos tratos dos seres humanos, causando uma revolução que os expulsam da quinta, fazendo-a tornar-se na primeira quinta de Inglaterra tomada e dominada por animais, onde nasce a ideologia do Animalismo.

 

Sendo os animais mais inteligentes, dois porcos ficam a cargo de liderar a quinta e tudo o que isso implica: tomar conta de todos os animais, educá-los, tratar da alimentação, sempre com os esforços e trabalho árduo de todos os animais, dando lugar a uma sociedade justa e igualitária. Mas essa liderança depressa revela uma sede e abuso crescente de poder, onde a igualdade decai tanto quanto a opressão aumenta. Já todos conhecemos as ditaduras comunistas na História soviética, pelo que não preciso de dizer muito mais.

 

A Quinta dos Animais é um livro bastante curto (141 páginas) e escrito numa linguagem acessível, que consegue dar lugar ao pensamento crítico mesmo nos leitores menos ou nada informados em matérias históricas. Adorei a história e a forma como em certos momentos eu própria tive de voltar atrás e certificar-me que algumas coisas tinham mudado subtilmente. Se até eu quase fui enganada, que dirá aqueles pobres animais.

 

Não digo muito mais porque não quero estragar a essência deste livro. Tal como o 1984, é um clássico que vale muito a pena ser lido. Teve impacto na altura que foi lançado e continua a ter impacto nos dias de hoje. Talvez não de modo tão extremista (e ainda bem?), penso que ainda assim devam haver elementos da história que se apliquem aos dias de hoje. Somos assim tão livres de pensamento, ou vivemos condicionados pelo que nos rodeia e vamo-nos deixando andar, com uma sensação subtil de que estamos a ser enganados e um sentimento simultâneo de acomodação e conforto, de que está tudo bem assim? Pensando bem, em plena época de eleições, de campanhas e de debates que mais parecem um circo, com políticos que parecem todos farinha do mesmo saco e onde sinto que exerço o meu direito de voto no mal menor, talvez este livro tenha vindo mesmo a calhar.

 

Divaguei, mas para resumir, e como não podia deixar de ser: adorei, recomendo.

 

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Que me dizem deste livro?

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