LIVROS: In Five Years, Rebecca Serle
Uma história de amizade inesperada
Depois de ler A Little Life, e de uma pequena pausa involuntária na leitura por coisas da vida, decidi que precisava de uma leitura mais leve e descontraída. Por isso, depois de passar os olhos pela minha lista de livros para ler, acabei por escolher In Five Years.
A nossa protagonista, Dannie, é uma daquelas pessoas que gostam de ter a vida planeada e saber com o que podem contar, e é por isso que, quando numa entrevista de emprego a questionam sobre onde se vê dali a cinco anos, ela sabe exactamente como espera que a sua vida seja: casada com o seu actual namorado David, bem-sucedida na sua carreira e a viver numa casa com que os dois sempre sonharam. Nessa mesma noite, o sono transporta-a para Dezembro de 2025: exactamente cinco anos depois - onde Dannie se vê num apartamento numa zona de Nova Iorque com que nunca sonhou, com um homem desconhecido e um anel de noivado na sua mão bastante diferente do que conhece.
Achei que a premissa me prometia uma leitura leve, mas este livro na realidade não é nada do que parece - e digo isto num bom sentido. Aliás, não foi uma leitura tão leve quanto esperava e foi uma história mais triste do que qualquer um espera ao ler a sinopse. Nem sequer considero que tenha sido um romance - não foi, de facto. A sinopse engana um pouco, mas neste caso acho que era necessário fazê-lo para surpreender com um enredo que nos fala muito mais de amizade do que de amor.
«I've always been waiting, haven't I? For tragedy to show up once again on my doorstep. Evil that blindsides. And what is [...] if not that?»
Ao início estava a achar tudo um pouco cliché e a escrita não me apelou, mas depois começou a ficar mais interessante. Já li que muitas pessoas ficaram surpreendidas pelos plot twists no livro, mas eu acabei por adivinhar um pouco o que poderia estar para acontecer - a minha ideia era ainda mais drástica, mas metade dela foi exactamente o que aconteceu. Confesso que este livro tocou num tema que me é particularmente próximo e com o qual evito ao máximo lidar, e acho que se soubesse que ia incluí-lo, provavelmente não o teria lido.
Gostei da história, foi uma história bonita e triste ao mesmo tempo, mas não consigo considerar que seja propriamente uma obra prima. A leitura foi prazerosa, mas as personagens pareceram-me um pouco unidimensionais, sem grande profundidade e construção, e achei que a autora de um modo geral contou mais do que mostrou. Não achei a escrita nada de mais; acho que a melhor forma de descrever este livro é que é um livro com uma história pesada contada com uma escrita leve. Parte de mim sente que, se era para ser levada a isto, podia ter-me feito sentir mais - mas acho que também não há mal em não tê-lo feito.
«He is calm and collected, and I hate him, I want to ram him into the wall. I want to scream at him. I need someone to blame, someone to be responsible for all of this. Because who is? Fate? Is the hellscape we've found ourselves in the work of some form of divine intervention? What kind of monster has decided that this is the ending we deserve?»
Se é memorável? Acho que não muito. Mas vale a pena a leitura, sendo um livro que se lê bastante rápido. Li em inglês e acho que é daqueles que qualquer pessoa que não domine tanto a língua pode avançar para a leitura, sem grandes medos. É uma história bonita e no final deixa-nos com uma reflexão sobre o quanto podemos nós controlar da nossa vida - spoiler: absolutamente nada -, até mesmo quando sabemos aparentemente aquilo em que ela se vai tornar. Se sou uma Dannie na vida e se vou deixar de acreditar que consigo controlar o que o destino me reserva? Sim à primeira parte, não à segunda... Boas leituras!
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