LIVROS: Misery, Stephen King
Como assim, só aos 27 anos li o meu primeiro livro do Stephen King? Sim, é verdade; e depois de o ler considero que tenho todas as pessoas erradas na minha vida, por ninguém me ter feito ler nada dele em toda a minha vida.
Confesso que, apesar da enorme fama que precede o autor, não estava com grandes expectativas - e não vos sei explicar o porquê. Demorei até um pouco a entrar na história, mas quando isso aconteceu não parei mais.
Paul Sheldon é um famoso escritor de romances cor-de-rosa, tornado célebre pela personagem principal das suas obras, Misery Chastain. Porém, Sheldon entendeu que estava na hora de virar a página e decidiu «matar» Misery.
É então que sofre um terrível acidente de viação e é socorrido por Annie Wilkes, uma ex-enfermeira que o leva para sua casa para o tratar. O que Paul não sabe é que Annie, a sua salvadora, é também a sua maior fã, a mais fanática e obcecada de todas — e está furiosa com a morte de Misery.
Ferido e incapaz de andar, totalmente à mercê de Annie, Paul é obrigado a escrever um novo livro para «ressuscitar» Misery, como uma Xerazade dos tempos modernos nas mãos de uma psicopata tresloucada que há muito deixou de distinguir a realidade da ficção.
Repleto de complexos jogos psicológicos entre refém e captor, Misery é uma obra de suspense e terror no seu estado mais puro. Fonte: Bertrand
Normalmente, acabo um livro e sei sempre, ou quase sempre, logo o que dizer sobre ele. Digamos que isso não aconteceu com Misery e, na verdade, ainda continuo assim. Diria que ainda estou a digerir tudo, mas não sei se vou parar de digerir.
Não esperava uma história com momentos tão chocantes (definitivamente que eu não aconselho isto a leitores sensíveis), mas adorei! De vez em quando, sabe sempre bem ler um bom thriller que nos deixa agarrados ao livro para saber mais, e agarrados a algo que esteja perto de nós para lidar com as emoções que despoleta em nós (normalmente, ou pelo menos neste, a tender para o lado do nojo, do choque, das náuseas...).
Um aspecto que tenho de salientar e que, como estudante de Psicologia, considero extremamente importante: aqui temos uma personagem mentalmente perturbada e bem construída! Nada de falsas e erradas representações, nada de loucuras desvairadas sem fundamento e sem lógica só pela loucura em si - não, temos aqui uma Annie psiquiátrica e psicologicamente doente extremamente verosímil e realista. Obrigada Stephen King, isto quase bastava para me conquistares.
Não sei o que vos dizer, de facto continuo sem palavras para um livro tão bom. Personagens bem construídas e representadas, uma diversidade imensa de momentos que nos vão chocar e enojar um bom bocado (e desculpem, mas um autor conseguir isto é tão bom...), uma história bem escrita que nos vai deixar ávidos para saber mais e como acaba - enfim, digamos que finalmente compreendo o porquê de Stephen King ser tão conhecido e aclamado.
Estou sem dúvida com vontade de ler mais livros dele e, efectivamente, não sei porque não o fiz mais cedo - ainda por cima tendo em conta que comprei este livro em 2017 e ficou estes anos todos na prateleira a ganhar pó. Leiam! Leiam e não se arrependam.
Já leram? Contem-me nos comentários o que acharam!