LIVROS: November 9, Colleen Hoover
Já tinha ouvido falar deste livro e estava na minha lista mental de livros para ler. Depois de ler a primeira linha de um comentário pela Internet - parei aí porque estava a chegar um spoiler -, fiquei com a vontade aguçada e não demorei muito a cumprir a leitura.
9 de Novembro marca o aniversário de um acontecimento trágico na vida de Fallon. Naturalmente, é um dia que ela não gosta de recordar e que saltaria facilmente no calendário. Num desses 9 de Novembro, a um dia de se mudar para Nova Iorque, Fallon conhece Ben, um aspirante a escritor que encontra nela a inspiração de que precisava para escrever um livro. Os dois dão-se rapidamente muito bem e continuam a encontrar-se durante anos, até que Fallon descobre uma terrível verdade sobre Ben que a faz questionar se ele não passou esse tempo todo a tentar apenas fabricar o enredo perfeito.
Muito se fala da Colleen Hoover e de vários livros dela, sobretudo pelo booktok, mas ainda só tinha lido o Regretting You - livro que achei apenas ok, e agora percebo porquê e porque é que este último não é dos mais conhecidos dela. Não preciso de ler mais livros da Colleen para perceber, depois deste, que ela encontrou uma excelente fórmula de escrita para vender - fórmula essa que não existe no Regretting You, a meu ver.
Não estou a criticar porque, efectivamente, a fórmula funciona - ou eu não teria devorado este livro em quatro dias, ansiosa por saber tudo o que acontece. Mas vai ser difícil falar sobre esta história, já que me deixou com muitas sensações ambíguas.
«“One of the things I always try to remind myself is that everyone has scars,” she says. “A lot of them even worse than mine. The only difference is that mine are visible and most people’s aren’t.”»
A história é chocante e algo doentia, mas estamos a falar de um romance - foi escrito para ser bonito. E acho que isso não tem problema se formos capazes de reconhecer que, na realidade, apesar de o ser, de romance não tem nada - o Ben é uma personagem que me deixou desconfortável desde o início e tem algumas atitudes que, a meu ver, são questionáveis. E eu não quero levar o livro demasiado a sério, não quero ser a pessoa que problematiza coisas que são apenas ficção - para me preocupar com problemas, já bastam os do mundo real -, no entanto preocupa-me que algumas pessoas menos conscientes possam lê-lo e ficar encantadas com o romance que para ali vai, normalizando certas atitudes que não deviam ser normalizadas e não pensando duas vezes no que acabaram de ler. Porque o livro não é uma crítica a essas atitudes, pelo contrário, também as incorpora como normais. É um romance. Foi escrito para ser bonito.
Passando esta breve reflexão à frente, apesar disso gostei muito de o ler. E tenho uma teoria (com dois livros lidos apenas, portanto posso estar a dizer asneiras), mas não acham que a Colleen é o Nicholas Sparks da nossa geração? Pessoalmente, ainda melhor, porque eu não gosto de ler Nicholas Sparks... Afinal, ela só escreve histórias trágicas - algumas, pelo que tenho ouvido falar, com alguns clichés. Inclusive, também achei que este livro incluía alguns momentos mais cliché. Mas caramba, se não adorei lê-lo.
«(...) and comfort can sometimes be a crutch when it comes to figuring out your life. Goals are achieved through discomfort and hard work. They aren't achieved when you hide out in a place where you're nice and cozy.»
Não posso dizer que queira ler o próximo o mais rápido possível - este livro foi bastante pesado e deixou marcas suficientes para eu precisar de respirar. Mas como já referi, a fórmula da Colleen Hoover funciona na perfeição e eu não tenciono ficar por aqui.
Quem, por aqui, já leu? Que outros livros dela me aconselham? Comprei o Verity há pouco tempo. E perdoem-me se assumi um monte de baboseiras depois de ler só dois livros dela e as vim debitar para aqui, fazendo figura de parva.