(Mais) Um livro inacabado
É a segunda vez que tento ler o Cemitério de Pianos do José Luís Peixoto e é a segunda vez que não consigo. Acabei por decidir desistir de vez e colocar o livro à venda, porque efectivamente não acho que seja para mim.
Nunca disse por aqui, mas este ano - coincidentemente, o ano em que comecei a ler mais do que era normal - apercebi-me de que uma das coisas que mais prezo num livro é precisamente a história. Acabam por nunca me agradar tanto os livros que colocam a história em segundo plano para priorizar outro aspecto. Acho que este é um deles.
Gosto imenso da escrita do José Luís Peixoto, ainda mais quando se trata de escrita como a deste livro e não, por exemplo, a apresentada no Dentro do Segredo (a meu ver, com menos floreados, já que o livro também assim o pedia). Mas o tanto de louvar que há no facto de ele tornar especial tudo o que parece insignificante no dia-a-dia, também é o tanto que isso me aborrece. Parece que, por trás disso, a história não avança, não se passa nada. Quase que queria ter essa visão poética do quotidiano, do aparentemente trivial, mas olhem, de facto, não tenho. E também está tudo bem com isso, um livro para cada forma de ser, de pensar e de ver o mundo.
O objectivo não era vir para aqui criticar o livro, até porque nem 100 páginas consegui ler, não sinto que tenha propriedade para tal. O propósito era reflectir um pouco sobre a situação, da mesma maneira que reflecti, para com os meus botões, quando depois de dois anos decidi desistir do The Night Circus por toda a enrolação no enrendo.
Felizmente, alguém há-de amar o Cemitério de Pianos mais do que eu.